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O governo Lula

A consequência dessa herança é que, poucos meses após Lula ter assumido o governo, a imprensa e a oposição, sabedoras da bomba-relógio prestes a explodir, começou a falar no termo mágico “apagão logístico”. Esse movimento foi tão eficaz que até membros do governo acreditaram e acreditam nisso até hoje.

O fato é que o governo Lula recebeu a infra-estrutura de transportes com graves problemas, fruto de anos de baixíssimos investimentos, ineficiência de gestão e sucateamento (no caso ferroviário) de ativos. O que levou a uma grande perda de tempo em ações emergenciais, estas, em sua maioria, meramente paliativas.

Foi nesse quadro que o governo teve a sabedoria de instituir, em 2003, o Plano de Revitalização Ferroviária, em 2004, a Agenda Portos e, em 2005, o Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Rodovias, que ficou conhecido, indevidamente, como Operação Tapa-Buracos.

Os dois primeiros sinalizaram para a sociedade e para o próprio governo as prioridades que geraram um conjunto de ações que, como demonstrarei a seguir, permitiu o salto no crescimento da economia, especialmente no comércio exterior.

Os primeiros quatro anos de governo foram para consertar o estrago do governo anterior e iniciar um processo de retomada do planejamento e do papel decisivo do estado no desenvolvimento econômico e social do país.

Nos três anos seguintes, o governo avançou com o Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT, primeiro plano de longo prazo (2007-2023) após o regime militar, e com a criação de um grande programa estruturante de ações prioritárias de governo – o PAC – que com suas metas de projetos, obras, serviços mas, especialmente, de medidas institucionais, tornaram-se referência na sociedade, ao materializar o rumo pretendido pelo país, indicado na campanha presidencial de 2006.

É importante destacar que a tônica do governo FHC foi dar muito mais importância à infra-estrutura (embora tenha obtido um pífio resultado) do que à logística de cargas e de passageiros, objetivo superior da oferta de infra-estrutura. O governo Lula avançou no deslocamento dessa tônica, o que tem contribuído para atender às necessidades até aqui mas, para os próximos quinze/vinte anos, ou se dá ênfase bem maior na logística, trazendo a infra-estrutura como uma consequência natural, ou teremos graves problemas.

Temas como integração sul-americana, desenvolvimento regional, relação logística/indústria nacional, segurança, poluição, custos logísticos, modicidade tarifária e competição predatória nas operações logísticas são os que farão a diferença no atual ritmo e dinâmica de crescimento da economia brasileira.

Neste assunto, portanto, ampliar significativamente a eficiência e a eficácia das logísticas de cargas e de passageiros deverá ser um dos macro-desafios do futuro governo.

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