Matéria de capa d’O Globo de hoje.
Segundo ela, o governador de São Paulo, José Serra, já acertou com o governo do Rio a proposta de construir uma nova rodovia, ligando os dois estados, como alternativa à Via Dutra, que estaria saturada.
A futura estrada, que teria 135 km do lado fluminense e outros tantos do lado paulista, custaria cerca de R$ 3,1 bilhões.
Ela começaria na Rodovia Ayrton Senna, em São Paulo, e continuaria com um traçado paralelo, a cerca de 10 km à direita da Dutra.
A matéria continua na página 11…
Em período eleitoral e pré-eleitoral (já que o governador José Serra é pré-candidato a Presidente, em 2010) temos o vale-tudo de idéias inviáveis.

Essa proposta, na minha opinião, não passa de um factóide do governador Serra para competir com a idéia-força do trem de alta velocidade, que está em fase final de estudos para licitação no ano que vem, pelo governo federal.

Na matéria, muita gente falando do que não conhece. Exemplos:

a) Somente nos trechos São Paulo – Arujá e Rio – Nova Iguaçu existe um volume exagerado de veículos, causando baixos níveis de serviço. Entretanto, a pretensa solução proposta não dá conta disso. Ao contrário, manteria ou pioraria esses dois trechos. Além de provocar grandes impactos nas dezenas de cidades em que passaria, paralelamente à Dutra.

b) A solução para esses trechos congestionados é a realização de vias marginais, já que grande parte desses veículos desenvolve trajetos locais, utilizando a Dutra como via urbana. No caso do Rio, há a alternativa (não factóidica) de melhorar as condições da Via Light (que é do Estado e já está em operação, faltando apenas melhorar os acessos, cruzamentos e ligação com a Linha Vermelha), tirando boa parte do tráfego local da Dutra. As obras das vias marginais, no Rio e em São Paulo, fazem parte da concessão e quem paga e pagou pedágio já contribuiu para o necessário fluxo de caixa, visando a realização desses investimentos futuros de ampliação de capacidade.

c) A nova descida da Serra das Araras faz parte do contrato de concessão e o RIMA já foi entregue à FEEMA e está disponível no site do órgão estadual (Clique aqui para ter acesso ao documento).

d) Finalmente, já existe uma alternativa à Dutra que é a Rio-Santos. Só que poucos utilizam, por um simples motivo. A Dutra não é apenas uma rodovia que liga o Rio a São Paulo, mas uma ligação de dezenas de cidades importantes, que geram tráfego de origem e destino entre elas. A solução proposta pelo governador Serra não dá conta disso, especialmente a partir da existência do trem de alta velocidade.

Retornaremos a esse assunto em outros momentos, mas creio que serão poucos porque esse factóide não tem fôlego e o governo do Estado do Rio não embarcará nessa “canoa furada”.

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Uma resposta para “Serra quer construir nova rodovia Rio-São Paulo”.

  1. Avatar de Sérgio Maciel

    Caro José Augusto: Creio que você está equivocado. Resido na cidade de Barra Mansa-RJ, a cerca de 120 KM do Rio, e o tráfego na Via Dutra é intenso, principalmente de caminhões.O que o Gov. Serra pretende é utilizar um grande trecho da antiga Rio-São Paulo, alargando-o, e depois fazer uma conexão com uma rodovia já existente (não pavimentada), que corta a Serra do Piloto entre Rio Claro-RJ e Mangaratiba-RJ, onde se encontra com a Rio-Santos, dando acesso direto ao Porto de Sepetiba, que vai ser o maior porto brasileiro, principalmente em movimentação de conteiner e navios graneleiros. Aliás, o “trem-bala” não fará escala nas grandes cidades do Vale do Paraíba Fluminense e Paulista, visto que seu traçado será distante das mesmas. Além do mais, custará muito mais caro e transportará apenas passageiros, não servindo para desafogar a Via Dutra que, espero que concorde, é uma porcaria de estrada, se levarmos em conta que é a mais importante e movimentada do país.Sérgio Maciel

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