Eduardo Rebuzzi (foto) é o presidente da Fetranscarga, entidade das empresas de transporte rodoviário de cargas do Estado do Rio de Janeiro.
Além disso, é um dos mais destacados dirigentes do setor, em todo o país.
A seguir, transcrevo a entrevista publicada no site da ABCR.
Vale a pena ler.
” O crescimento da economia brasileira e os investimentos públicos e privados em infra-estrutura devem beneficiar o setor de transporte rodoviário de cargas em 2008. Para falar sobre o assunto, a Agência ABCR ouviu Eduardo Rebuzzi, presidente da Fetranscarga (Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro).
Agência ABCR – Quais são as expectativas do senhor com relação ao setor de transporte de cargas em 2008?
Eduardo Rebuzzi – No meu ponto de vista, o TRC (Transporte Rodoviário de Cargas) interage de duas formas com os outros segmentos econômicos (indústria, comércio, agricultura, importadores, exportadores e outros modais de transporte, entre outros) porque, ao mesmo tempo que tem seu movimento vinculado diretamente com o desenvolvimento das outras atividades, funciona, também, como agente fomentador desse crescimento.
Resumindo, se a economia como um todo cresce, ele acompanha essa tendência, mas, por outro lado, se o TRC falta nessa hora, atua como um agente limitador. Assim, em vista das perspectivas da economia para 2008, acho que o TRC vai ter um bom ano, embora alguns pontos estruturais problemáticos causem preocupação como o estado das rodovias, os gargalos portuários e o limite da capacidade produtiva de alguns importantes fornecedores do setor (montadoras de caminhões, de utilitários etc).
Agência ABCR – Qual é o impacto das más condições da infra-estrutura rodoviária para o setor que a Fetranscarga representa?
ER – Como disse na primeira questão, a deficiência constatada na infra-estrutura do País impacta, diretamente, o desenvolvimento do setor e, como natural conseqüência, o crescimento do Brasil como um todo, tanto no aspecto econômico quanto no social. O setor de transporte em geral, seja marítimo, ferroviário, aéreo e, principalmente, rodoviário, é atividade estratégica para a economia brasileira. E o desenvolvimento social só acontecerá, de forma consistente, com o crescimento da economia.
Agência ABCR – Qual é a importância da construção do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro? Quando o senhor espera que isso aconteça?
ER – O Arco Rodoviário, encarando com algum humor, virou uma novela quase interminável. Já se fala nele, com a devida persistência, há quase uma década.
Lamentavelmente, as autoridades públicas o deixaram em planos inferiores e, atualmente, em vista das desapropriações e dificuldades que serão enfrentadas com a maior ocupação das regiões envolvidas, sairá mais caro e a sua construção vai demorar mais. Mas, sem dúvida, é uma obra imprescindível para a logística rodoviária e portuária do Rio de Janeiro e do próprio País, já que o Porto de Itaguaí tem uma função de centralizar e redistribuir mercadorias de exportação e importação (o que é chamado de “hub”).
No momento, avalio com ótimas expectativas o início da obra, em função da inteligente aproximação entre os governos federal e estadual.
Agência ABCR – Neste ano, sete lotes de rodovias federais, incluindo corredores importantes como a Régis Bittencourt e a Fernão Dias, devem começar a ser administrados por empresas privadas. De que forma isso influi no trabalho dos transportadores de carga?
ER –Não é segredo para ninguém que a administração pública perde, em eficiência, para a privada. Mas sabemos, também, que não existem condições para a privatização de todas as rodovias nacionais. Assim, rodovias de maior demanda e importância, como a Régis Bittencourt e a Fernão Dias, estarão bem melhor nas mãos da iniciativa privada, oferecendo melhores condições para todos seus usuários, como já acontece, por exemplo, na Rodovia Presidente Dutra.
Entretanto, é bom lembrar que o setor de TRC sempre se preocupa com o custo do pedágio, mas acho que estamos desenvolvendo bem esse assunto com a implantação dos GPTs (Grupos Paritários de Trabalho), criados pelos próprios usuários e operadores (concessionários). O diálogo vêm acontecendo e as soluções são procuradas em conjunto. Não deve haver privilégios nem prejuízos, mas coerência entre custo da tarifa e serviços prestados.
Agência ABCR – O site da Fetranscarga (www.fetranscarga.org.br)ganhou uma versão mais moderna. Como o senhor avalia a importância dessa ferramenta de comunicação com os transportadores?
ER – O transporte, como atividade dinâmica e abrangente que é, depende muito de informações ágeis, desde sobre a situação de uma rodovia, as demandas e as ofertas de carga e de equipamentos, até alterações na legislação. E informação depende dos meios de comunicação.
As entidades do setor sempre deram muito atenção para isso, usando circulares, jornais, revistas e, na era da internet, e-mails diários e sites. Ou seja, nesse aspecto, temos, hoje, com a internet, o melhor dos mundos. Porém, o céu é o limite e o futuro promete muito mais.
Agência ABCR – Como deve ser a atuação da Fetranscarga em 2008?
ER – A Fetranscarga é a caçula entre as Federações de Transporte de todo o País. Foi criada em 2002/2003, contando com cinco Sindicatos no Estado do Rio de Janeiro. Estamos, portanto, dando os primeiros, mas firmes, passos. E 2008 será mais um ano de consolidação do trabalho, feito com muita dedicação e seriedade. Temos uma equipe reduzida, mas que vale muito. E também contamos com o apoio e confiança de nossos Sindicatos. Aliás, um deles, o Sindicarga, o qual tive a honra de presidir por quatro mandatos (1993/2002), é o mais antigo do Brasil, completando, em 2008, 75 anos de fundação.
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