Este é o título de matéria do Estado de São Paulo, publicado no site da NTC&Logística.
Para variar, um amontoado de juizos sem fundamentação alguma.
O que diz o Estadão?:
Este é o Brasil de Lula, hoje. Mas tem mais: sem garantia de energia! Já entramos na crise de fornecimento de gás natural. Os preços vão disparar. O fantasma da inflação volta e, daqui a pouco, a crise atinge o abastecimento geral. Mais adiante, na crise de escoamento de safras e de produção industrial, começa outro ciclo de dificuldades. Por que tudo isso?
Bem, se mostrarmos que a resposta que eles dão ao “Por que tudo isso?” está errada, sem base em fatos, chegaremos à conclusão que esse primeiro parágrafo é um amontoado de previsões sem base na realidade e com baixíssima probabilidade de ocorrer, certo?
A matéria continua tentando responder à pergunta “Por que tudo isso?”:
Muito simples. A estradas estão em petição de miséria.
A pesquisa rodoviária da CNT 2007 diz exatamente o contrário.
Em post publicado em 16/11 passado, mostramos que a referida pesquisa apresenta informações que contradizem o Estado de São Paulo.
O que diz a pesquisa, não lida pelo Estadão?
. 87,1% ou 76.292 km de rodovias não apresentam buracos, sendo que:
- 53,2 % da malha apresenta pavimento totalmente perfeito
- 18,8% da malha apresenta pavimento com algum desgaste, mas sem buraco
- 15,1% da malha apresenta pavimento com algumas trincas e remendos, mas sem buraco
. Em 86,4% da malha, a condição do pavimento não obriga a redução de velocidade (o que bate com a avaliação anterior)
. Em 73,2% da malha, o pavimento dos acostamentos está em boas condições e 21,4% apresenta desgaste
. 94,9% da malha pavimentada não apresenta ponto crítico (que possam levar à acidente, principalmente)
Lembrar que a pesquisa investigou 87.592 km de rodovias federais e estaduais.
Leia aqui o que diz a pesquisa sobre a Sinalização dessa malha.
Demonstrado o primeiro erro da resposta ao “Por que tudo isso”?
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A matéria continua:
As ferrovias praticamente não existem.
Se as ferrovias “praticamente não existem”, como se explica o aumento da participação do ferroviário no transporte de cargas, passando de 21% em 2002 para 25% em 2006?
Segundo a ANTT, houve um crescimento significativo dos milhões de toneladas úteis das cargas transportadas pelo modal ferroviário, que passou de 320,9, no final de 2002, para 389,1, no final de 2006.
Um crescimento de 21,2 % durante os quatro primeiros anos do governo Lula.
Se as ferrovias “praticamente existissem”, de quanto teria sido esse crescimento?
A frota ferroviária, ainda segundo a ANTT, cresceu assim:
- Final de 2002: 1.895 locomotivas e 67.795 vagões
- Final de 2006: 2.492 locomotivas e 87.073 vagões
Ou seja, cresceu 31,5% o número de locomotivas em operação, nos primeiros quatro anos do governo Lula e 28,4% o número de vagões em operação, no mesmo período, na malha ferroviária que “praticamente não existe”.
Novamente, segundo a ANTT, os investimentos na malha ferroviária – que “praticamente não existe”, segundo o Estadão – cresceram 293%, quase quadruplicou, durante o primeiro mandato do presidente Lula, passando de R$ 625,7 milhões, em 2002, para R$ 2.458,9 milhões, em 2006.
Só para ter uma idéia do que isso representa, no segundo mandato de FHC, esses investimentos cresceram apenas 103%, passando de R$ 308,7 milhões, no final de 1998, para R$ 625,7 milhões, no final de 2002.
Também nesse período do primeiro mandato do presidente Lula, contruiu-se mais Ferrovia Norte-Sul do que em todo o período anterior e estão sendo resolvidos grandes gargalos ferroviários como São Félix – Cachoeira e o acesso ao porto do Rio de Janeiro.
Demonstrado o segundo erro da resposta ao “Por que isso tudo?”
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Para não cansar o leitor, vamos à derradeira demonstração de erro do Estadão
Os portos continuam reféns das Docas politizadas
Para começar, nenhum operador portuário sério respalda esse juízo.
Imagino que a matéria quis afirmar que existe um caos nos portos públicos que levará àquele quadro dramático do primeiro parágrafo.
Segundo a Edição nº 252 (agosto de 2007), do relatório da FAL – Facilitacion del Comercio y el Transporte en America Latina y el Caribe -, órgão da ONU, o Brasil é o primeiro do ranking, na região, tanto em granéis como em contêineres.
Os números em relação ao movimento de contêineres são os que melhor expressam a eficácia das administrações portuárias públicas (e dos operadores privados também, é claro), já que ela ocorre, quase exclusivamente, em terminais públicos.
Vamos, portanto, aos números:
Em 2002, os portos brasileiros movimentaram 3.522.765 TEUs
Em 2006, movimentaram 7.122.054 TEUs
Crescimento durante o primeiro mandato do presidente Lula: 102%, com uma taxa anual média de crescimento de 19,6%
Segundo os operadores portuários sérios, esses números tendem a aumentar com as dragagens que estão sendo feitas e a expansão de novos berços e de retro-área. Tudo isso nos terminais públicos, sob gestão das Cias. Docas, de Estados e de Municípios, como o de Itajaí, modelo de eficiência na movimentação de contêineres, junto com Santos e Rio/Itaguaí.
Demonstrado o terceiro erro da resposta ao “Por que tudo isso?”
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Como se vê, como todas as respostas estão erradas, o juízo feito no primeiro parágrafo é pouquíssimo provável que ocorra.
Mais uma vez, nenhum empresário sério respalda essa avaliação. A grande maioria pensa exatamente o contrário do que ali está.
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