Esse é o título de matéria do Estado de São Paulo, publicada no site da NTC&Logística.
Com base num estudo da NTC – que mostra que o Brasil tem pouca rodovia pavimentada – e na pesquisa da CNT de 2006, ela mostra um quadro que não resiste a argumentos que qualquer leigo pode entender, embora tenha o mérito de abrir um debate que julgamos relevante, num momento de elevados índices de crescimento da movimentação de cargas, passageiros e carros de passeio. Vamos, portanto, ao debate!
1. O Brasil tem pouca rodovia pavimentada, em comparação com outros países
É verdade. Conheço o estudo desenvolvido pela NTC e ele mostra que há países com uma malha rodoviária pavimentada muito maior do que a brasileira. O que isso significa para levar ao cáos anunciado? Do ponto de vista logístico, muito pouco. Apenas que parte da produção agrícola continuará, por alguns anos, sendo transportada da porteira até uma rodovia pavimentada percorrendo algumas dezenas de quilômetros de estrada de terra, gerando um custo operacional adicional, que repercute um “delta xis” no preço final do produto. Para além disso, qualidade de vida inferior à desejável para os produtores e transportadores.
Produtos industrializados, em sua imensa maioria, transitam exclusivamente nas “poucas” rodovias pavimentadas.
Há que lembrar que essas estradas de terra, geralmente, são rodovias municipais.
De qualquer forma, mesmo com pouco impacto efetivo, nós defendemos a criação de um Programa Nacional de Estradas Vicinais, visando o aumento significativo da malha rodoviária pavimentada, utilizando soluções de baixo custo (tratamento superficial duplo, pista de 6 metros sem acostamento ou com acostamento de grama e greide rolado). A melhoria da qualidade de vida das populações quilombolas, da agricultura familiar e dos produtores rurais, em geral, seria o principal motivo para justificar esse programa.
O Programa Nacional de Estradas Vicinais seria desenvolvido através de Consórcios Públicos, por micro-região, envolvendo a União, o governo estadual e as prefeituras envolvida.
A prefeitura prepararia o terreno (greide rolado, com poucas obras de drenagem), com o maquinário e a brita fornecidos pelo governo estadual, e contrataria o pessoal menos especializado. A União entraria com o fornecimento da massa asfáltica.
Quando fui presidente do DER-RJ, abril a novembro de 2002, utilizando esse modelo, sem a participação da União, conseguimos asfaltar 300 quilômetros de rodovias vicinais naquele período, em 60 municípios.
Nacionalmente, poderíamos asfaltar cerca de 6 mil quilômetros por ano. Em oito anos, cerca de 50 mil quilômetros.
A utilização de tratamento superficial duplo – como é intensivo de mão de obra – ainda seria um importante gerador de trabalho e renda.
(Fim do capítulo 1 sobre esse assunto)
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