Reproduzimos aqui o Editorial do Jornal do Commercio/PE (somente para assinantes, edição de 7/5)), sobre a pesquisa da Revista Quatro Rodas.
Tanto falamos da situação precária das rodovias brasileiras, que somos tentados a discutir os bons resultados estatísticos revelados em Pernambuco e em alguns outros Estados do Nordeste, numa pesquisa feita pela Revista Quatro Rodas, muito consultada pelos turistas.
A publicação não se baseia em dados oficiais, mas no mapeamento feito por redatores, que para isso percorreram 3.254 quilômetros (perto de metade da malha), a uma velocidade não inferior a 60 quilômetros por hora. Esse conjunto de viagens incluiu também cerca de metade dos trechos das rodovias estaduais existentes.
Em Pernambuco, como seria de esperar, o destaque é do trecho duplicado da BR-232, considerada pela revista uma das melhores rodovias não privatizadas do País. Contudo, o mais importante é a constatação de que, em nosso Estado, nenhum trecho visitado foi considerado precário quanto ao quesito conservação. Apenas estão desaconselhadas viagens pela BR-116 (entre a fronteira de Cabrobó com Belém do São Francisco e os limites da Paraíba, atravessando Salgueiro) e pela BR-418 (de Petrolina a Floresta), após o entardecer, pelo risco de assaltos em alguns trechos praticamente desertos.
No Nordeste, também as rodovias federais da Paraíba e de Alagoas passaram com distinção no teste da revista, que se edita em São Paulo. Um índice muito bom de aprovação foi dado ainda à malha rodoviária do Rio Grande do Norte e de Sergipe, seguindo-se as do Ceará e do Piauí. Numa posição mais precária, aparecem as rodovias da Bahia e do Maranhão.
Como seria de esperar, em face de condições geográficas peculiares da floresta e do banhado, os piores índices são os dos Estados do Amazonas, Mato Grosso, Roraima e Pará, ainda que os do Acre e Amapá, ambos na Região Norte, sejam ótimos – como também é bom o de Tocantins, o que se explica em parte pelo pequeno traçado de rodovias existentes em seus territórios.
Afora os grandes eixos rodoviários que tentam ligar o Brasil de ponta a ponta, através das diferentes capitais, o Guia Quatro Rodas também verificou a situação de trechos declaradamente turísticos, como o acesso a Porto de Galinhas, no Litoral Sul do nosso Estado. Segundo o editor-chefe da publicação, José Eduardo Camargo, a situação de Pernambuco é boa, sobretudo, depois da duplicação na BR-232 e do início de igual providência na BR-101, entre Goiana e limites da Paraíba. Contudo, foram também visitados outros trechos que vez por outra são objeto de crítica, como o restante da BR-101 (de Goiana até os limites com Alagoas), a BR-408 (do Recife até Carpina), a PE-15 (de Olinda a Paulista) e a PE-75 (ligação entre Goiana e Campina Grande, na Paraíba).
O levantamento revela, por outro lado, que 10% dos principais troncos nacionais ainda podem ser considerados precários. Ao todo, foram atravessados 7.564 quilômetros com muitos buracos, deficiência de sinalização ou asfalto desnivelado. As regiões Norte e Nordeste não podem mais ser responsabilizadas pelo desastre a nível nacional.
O Estado campeão de buracos é também o detentor da maior malha rodoviária do País – Minas Gerais – não somente por sua extensão, mas também porque teve a comunicação via estradas modernas acelerada a partir da época em que um médico de nome Juscelino Kubitschek de Oliveira assumiu pela primeira vez o governo estadual. Depois de alguns anos, eleito presidente da República, esse mesmo político tratou de ampliar o seu trabalho original, ao mesmo tempo em que transferiu a capital da República do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Eis um caso típico em que uma biografia se conjuga a uma conjuntura econômica.
Talvez pudéssemos perguntar se a presença de um pernambucano no poder (agora em segundo mandato), pela primeira vez na história do Brasil, não está contribuindo para que o Nordeste brasileiro deixe de encabeçar os fatos negativos anotados nas estatísticas de natureza sócioeconômica do País, a partir da Proclamação da República.
Vamos analisar a pesquisa da Guia Quatro Rodas e verificar se há ou não exagero nesse editorial 🙂
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