Na prática, pouco importa aos passageiros se a van ou Kombi é irregular ou segue todas as exigências previstas pela legislação. Tanto eles quanto os motoristas dos veículos caracterizados com faixas coloridas convivem naturalmente com carros sem qualquer identificação – além do número da linha – e até mesmo com falsas Kombis legais.
A fragilidade da fiscalização é tanta que, por pura precaução, muitos motoristas piratas optam por falsificar os adesivos que indicam o cadastro do veículo junto ao Detro apenas para evitar problemas – que, na prática, sequer existem. Aos motoristas, basta colar uma faixa da cor que identifica a linha e o número correspondente ao itinerário dos ônibus. E passam, muitas vezes, na frente até mesmo de policiais militares e guardas municipais. Na Central do Brasil, reduto de transporte alternativo clandestino e legal, os veículos trafegam pela Praça Cristiano Ottoni, entre a sede da Secretaria de Segurança Pública e o Comando Militar Leste.
Na odisséia dos passageiros transportados por vans e Kombis irregulares, valem até veículos equipados com botijão de gás, uma perigosa saída à alternativa de combustíveis mais baratos como o gás natural veicular. Os motoristas param livremente fora dos pontos de ônibus, estimulados pelos próprios passageiros que indicam esquinas e sinais de trânsito como locais de parada.
Sem cintos de segurança e com fiação elétrica à mostra, os passageiros, às vezes, ficam reféns do serviço prestado. Um usuário das vans, que prefere não se identificar, conta que ao voltar da Ilha do Governador, numa Kombi da linha Fundão-Copacabana, o veículo foi parado por policiais na altura do Viaduto do Gasômetro. Ao fim de meia hora de conversas e ameaças de apreensão, o policial liberou a Kombi depois de avisar dos “riscos por estarem sendo transportados por um veículo irregular”.
– O motorista nos disse que o dono da Kombi era um policial. Não temos o que fazer, pois, se as vans piratas existem, é devido ao precário serviço de ônibus – diz.
Mobilidade, Logistica e Transportes
Blog de José Augusto Valente
Fonte: Jornal do Brasil
Fenômeno já cultural não só no Rio, como no exemplo citado, como nas grandes cidades brasileiras. E é aí que está o perigo: a deficiência do poder de fiscalização das autoridades públicas e a falta de planejamento no transporte coletivo urbano permitiram a proliferação desse meio de transporte de origem quase sempre desconhecida.
A população não sabe distinguir as permissionárias dos chamadas “piratas” que trafegam de forma desordenada, disputando passageiros entre eles mesmos e os ônibus, além de não oferecerem qualquer segurança aos usuários, como a utilização de cinto de segurança e o limite de velocidade.
No Distrito Federal, só nos últimos quatro anos, as disputam juduciais entre o transporte alternativo e o Governo em nada mudou a situação. Pelo contrário: o número de vans aumentam a cada dia. Medidas como proibição em determinadas paradas para evitar a concorrência com os ônibus, por exemplo, só são obedecidas quando existe policial de trânsito nos arredores.
A partir de hoje, no DF, as vans estão proibidas de parar na rodoviária do Plano Piloto (principal centro de logística de todos os usuários de transporte coletivo do Distrito Federal). Só nos resta aguardar as consequências.
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