A América Latina Logística (ALL), maior empresa ferroviária da América do Sul, completou dez anos de operação no último mês com um grande desafio pela frente: tornar rentável a malha da antiga Brasil Ferrovias, agora chamada de “malha norte”, adquirida por R$ 1,4 bilhão de fundos de pensão em maio do ano passado.
A companhia está investindo na recuperação da nova ferrovia – que liga a região Centro-Oeste ao estado de São Paulo – e começa a negociar contratos de longo prazo com produtores agrícolas e industriais.
O presidente da ALL, Bernardo Hees, afirma que a primeira meta relacionada à Brasil Ferrovias foi concluída com a integração completa entre as duas empresas. O próximo passo será equiparar os indicadores de desempenho da malha norte ao restante das operações da concessionária, que opera ferrovias na região Sul do País e na Argentina. O trecho recém adquirido ainda detém indicadores semelhantes do período pré-privatização, como índices de acidentes altos, apesar dos recentes avanços.
“Nosso grande desafio, agora, é dar confiabilidade à malha norte. Estamos confiantes nessa virada operacional da empresa, o que nos ajudará a buscar contratos de longo prazo no mercado”, afirma o executivo, lembrando que a ALL investirá R$ 500 milhões na Brasil Ferrovias nos próximos anos.
Neste momento, estão em reformas 40 locomotivas e 1.800 vagões da frota morta da empresa, o que permitirá aumento da oferta de transporte em 10%, ou cerca de 3,3 milhões de toneladas por quilômetro útil (TKU).
O aumento da oferta será coberto tanto por contratos de transporte de produtos industrializados, que tinham pouco aproveitamento na antiga Brasil Ferrovias, quanto por commodities (principalmente agrícolas).
A malha norte tem dois sistemas ferroviários: um de bitola estreita, que liga São Paulo ao estado de Mato Grosso do Sul, e outro de bitola larga, que conecta o estado do Mato Grosso ao porto de Santos (SP). Segundo Hees, o sistema oferece, portanto, oportunidades em ambas as modalidades de carga.”Começaremos o transporte na área industrial praticamente a partir do zero. Estamos buscando clientes em mercados como os setores siderúrgico e petroquímico, além de produtos transportados em contêineres, como carga de consumo.
A Brasil Ferrovias explorou pouco esse segmento no passado, mas temos a experiência das operações na malha sul”, afirma o executivo, que preferiu não citar as empresas em negociação. No setor agrícola, que responde por 70% da carga movimentada hoje pela ALL, estão sendo avaliadas oportunidades nos mercados de açúcar, soja e milho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra 2007 de grãos terá uma produção recorde de 129,4 milhões de toneladas, volume 11% maior do que na safra de 2006, de 116,6 milhões de toneladas. “A malha norte já tinha uma presença forte no mercado de grãos. Estamos crescendo em cima dessa presença”, avalia Hees.
A empresa absorveu bem o impacto inicial da compra da Brasil Ferrovias. Com apenas sete meses gerindo as duas empresas, a ALL registrou lucro líquido de R$ 76 milhões no consolidado das duas operações, no segundo semestre do ano passado. Sem considerar a malha da antiga Brasil Ferrovias, a ALL registrou lucro líquido de R$ 171 milhões no período e R$ 172,7 milhões no ano completo. O prejuízo da Brasil Ferrovias foi de R$ 270 milhões de janeiro a dezembro de 2006, frente a R$ 700 milhões do ano anterior.
O processo de reestruturação da Brasil Ferrovias lembra o processo de recuperação da malha sul da antiga Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA), que é a atual malha sul da América Latina Logística. Comprada por R$ 215 milhões em 1997, a ALL tem hoje um valor de mercado de R$ 14 bilhões.
Ao longo dos 10 anos, desde a concessão, a empresa investiu mais de R$ 1,4 bilhão em tecnologia, segurança, recuperação da via, construção de pátios de cruzamento e recuperação e aquisição de ativos.
Nos últimos 10 anos, a empresa aumentou sua receita bruta de R$ 194 milhões, em 1997, para R$ 1,466 bilhão em 2006, crescimento de 655%.
O volume de carga transportada, na comparação entre esses anos, aumentou de 6,2 milhões de TKUs para 22 milhões de TKUs, um salto de 254%.
O volume de investimento também é crescente e somou R$ 1,4 bilhão nos últimos 10 anos.

Fonte: ALL

A ALL tem obtido bons resultados mas há grandes desafios a superar.
Um deles, conseguir transportar toda a produção do oeste do Paraná, pela ferrovia, até os portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC).


Descubra mais sobre Mobilidade, Logistica e Transportes

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Posted in

Deixe um comentário

Descubra mais sobre Mobilidade, Logistica e Transportes

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo